A Queda - Narrativa!! Primeira Parte

Gurag se vê na situação insólita. Tendo regressado à vila que julgava protegida, via a clériga de selune aliar-se a barduk na consagração de um marco erguido por seus constructos e mantido no lugar pelos ogros, quando sente uma presença mental incrivelmente poderosa.

Sendo alvo de sua própria rajada mental, o efeito transcende para o corpo, arremessando-o para longe de onde estava, desarmando-o completamente. depois de se estabacar contra uma parede, Gurag se vê diante de sua própria armadura, agora empunhando sua própria arma, e seu próprio escudo.
Sua mente vê a loucura adormecida na armadura despertar, alimentada por tantas emanações de energias, próprias e das situações insólitas a que seu grupo, os Andarilhos do Destino, se sujeitaram nos últimos meses.

Gurag lutava para manter a própria serenidade, por mais que sua mente se enfurecesse a cada ataque de sua antes aliada armadura. Mas o mais estranho era perceber que ela agora emanava uma forte consciência.
Estava, assim, VIVA. E com uma voz tão ameaçadora quanto inocente, pergunta a seu antigo ocupante:
- Onde está o meu SOL??

A vila vê a cena pitoresca de um guerreiro conversar com a própria armadura. Cada mente, cada sentido, cada pensamento presente cruzava o campo energético dos dois, que ressoava um contra o outro. Gurag, cada vez mais contrariado, e Urukay, cada vez mais insana. A Loucura acumulada de sua outra consciência despertava a plena força, e o medo e a confusão dos presentes a tornava cada vez mais poderosa.

Gurag ousa uma rajada mental contra a própria armadura, que no início parecia imune. mas depois, dá sinais de sentir o impacto da força mental de Gurag.
A armadura estava dissimulando. mais um sinal de consciência plena, e gurag não podia deixá-la crescer de forma tão descontrolada. Ele vê quando Urukay absorve por inteiro a vida de um camponês, compartilhando uma estranha visão com sua armadura. Toda a vida do rapaz, anos, vividos num único segundo. Anulados completamente pelo poder armazenado na armadura.
Gurag sente quando a energia de Urukay aumenta depois de absorver o rapaz. Mas então percebe ser o único, protegido pela ressonância de sua própria energia, que percebeu a vida se anular. Pois ninguém mais fora de seu círculo percebeu. A existência daquela vida foi completamente anulada.

Era poder demais para ficar na mão de um objeto (...) consciente, Gurag tinha de pará-la. Reunindo toda sua energia, lança um ataque violento contra a armadura-avatar, sendo surpreendido por um efeito espelho. Urukay havia feito o mesmo.
O choque das energias rasga completamente a realidade, e Gurag vê o céu cintilar, o negro tornar-se prateado. Estavam além do plano material. Rompendo as realidades, a junção das energias rasga completamente os Planos. Por um segundo a mente de Gurag se parte em centenas, milhares, MILHÕES...

Estava por toda parte, em TODOS os mundos. ERA todas as criaturas vivas. Via com os olhos das aves, corria com as patas dos leopardos, saltava com a graça dos louva-a-deus, e pensava com a mente de todos as raças.

Poder demais... consciência demais...

...

O Sol nasce no horizonte. Um sol vermelho e fraco. sua Luz não esquentava, sua presença não aquecia.
O enorme Titã se levanta além da vista. E a cada aproximação, Gurag sentia a consciência voltando á sua própria existência.

Conforme a Luz desfraldava no horizonte, seu corpo irradiava sua própria luminescência dourada. Seu próprio peito brilhava.

Então, percebe que não tinha mais um corpo. Não cabia numa só vida.
Você É o horizonte.
Você É a floresta tocada pela luz.
Você É a água dos rios... a vida dos animais... a consciência das raças...
Você É o Titã.

E no instante seguinte, tudo desaparece.
Tudo e nada coexistiam num perfeito equilíbrio. Mas a compreensão mundana de Gurag do que estaria acontecendo não conseguia conceber tantas coisas ao mesmo tempo.
Então sente a presença poderosa à sua frente.

Seu duplo...
Seu espelho...
Você mesmo...
URUKAY!!!

A Armadura-avatar aponta pra você-realidade, e você ouve a voz distante e imponente, sua própria voz, tocar-lhe o peito com a ponta do dedo da manopla, dizendo apenas:
- Eis o MEU SOL!!

(CONTINUA)

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