Arte Obscura - Lucious!!

Depois de muitos preparativos, a companhia ganhava a tão cobiçada autonomia através de seu Vagão-prefeitura. Uma ENORME carroça composta puxada por dois elefantes recém importados através de canais não tão confiáveis.
Tendo recebido os animais pelo mar, eles chegaram num enorme galeão vindo do Sul da Costa do Dragão, e uma pequena fortuna foi gasta para "convencer" os experientes marinheiros a parar o navio fora do porto, não arriscando embargos ou atrasos.

Enfim, finalmente a grande casa-móvel estava em movimento. Uma verdadeira monstruosidade ao estilo de Dambrath. Terras tão ao sul que ver uma destas nas Terras centrais era algo para poucos afortunados. O difícil era manter as crianças longe dos animais a cada parada.

Lucious andava ocupado com a devida burocracia, por trás da enorme companhia, e todos os trâmites para torná-la aceita nas rotas ao redor, embora nem todas tivesse "tamanho" para recebê-la.
Ainda assim, haviam vagões e carroções menores feitos para chegar a estes lugares, e foi com animação que soube da construção de uma estrada levando ás montanhas, algo promissor, e que permitiria expandir os negócios talvez para além do Reino.

Lucious foi um dos convidados num encontro solene (e secreto) no Forte de alastor, nas Montanhas Gauntlgryn, terra de aventureiros e ainda em contendas.
Ali, você e outros mercadores novatos eram "seduzidos" com projetos de uma futura (e muito lucrativa) rota que receberia especiarias incomuns vindo de Underdark através de contatos exclusivos de Alastor.
O preço era investir na construção da estrada, que requeria uma verdadeira fortuna diluída entre os vários pontos de parada, uma vez que o terreno era extremamente acidentado, e em boa parte, rochoso.

* Aceitar ou não fazer parte da empreitada cabe apenas a você.

De volta a Arabel, onde ficam um dos casarões de sua família (um dos poucos ainda em pé depois da guerra), sabia que teria alguns dias de calmaria antes das próximas obrigações.
Mas... ao chegar, os poucos empregados habituais estavam em seus afazeres, vindo recebê-lo como de costume.
Tudo parecia normal. Um dia corriqueiro.

Exceto pela sensação de que algo estava bastante errado.
Era uma sensação ruim, marcada por um estranho vazio nos olhares das pessoas, desde que chegou à cidade...

De TODAS elas.

Lucious perde algum tempo conversando com seus empregados.
Com base em alguns conhecimentos obscuros, não era difícil reunir informações peculiares, como a aparição de uma "cidade flutuante" durante um eclipse.
O relato se repetia por vários lugares, sendo Arabel a única grande cidade a ser "visitada" pela aparição, até onde se sabia.
Sua manifestação estava diretamente ligara ao Plano das Sombras, e os relatos de ataques massivos de entidades deste plano, ou a aparência de tais ataques àqueles sob a sombra do eclipse, não eram raros.

Da mesma maneira, o que Lucious estava testemunhando era um resultado de sua passagem.
Tora a força vital da cidade drenada de uma vez, seus espíritos enfraquecidos.
Num ataque isolado, levam-se dais para recuperar a força absorvida pelo toque sombrio dos mortos-vivos de Shadowfell. Mas numa manifestação tão poderosa, como uma cidade INTEIRA nublando Arabel, era de se esperar que o tempo fosse bem maior.

Lucious é tomado por um pensamento preocupante:
* Teriam havido baixas durante esta visão?
* E se sim, onde estariam? Pois muito em breve, iriam se erguer como criaturas das sombras.

As pessoas não pareciam preocupadas, pois em sua imensa maioria sequer pareciam ENTENDER o que aconteceu.

Um arrepio percorre-lhe a espinha, ao mesmo tempo em que agradece pela "sorte" de estar fora da cidade quando aconteceu.

Shadowfell.

A preocupação era evidente em seu olhar. Lucious não sabia com o que estava lidando, mas o que , sim sabia, era do que forças do lado de lá são capazes. Tempo era um recurso escasso desde a visita da cidade. Sentado em uma grande poltrona, pernas cruzadas ponderando, ele vira a ampulheta sobre a mesa de canto ao lado.

- Corina, por favor… providencie que Kichot e Sansha estejam preparados. Vou à cidade.

Sorrindo para sua governanta, levanta e prepara sua mochila e equipamentos, organizando em sua mente os próximos passos. Se uma cidade de Shadowfell apareceu neste plano, é por que alguém deste lado facilitou isso. Preciso descobrir quem é por que. A cidade é gigante e não haveria indícios residuais de tal feito, aparentemente alguém cuidou para que os rastros, de destruição e corpos, fossem acobertados.

- Humm… - Dedilhando seu banjo ele pensava sobre o assunto. Interrompido apenas por Corina que o avisara de que seu cavalo, mula e carioca estavam prontas. - Muitíssimo obrigado! Não sei o que seria dessa casa sem você! - Ele pega a mochila e parte.

Saindo da propriedade fala com seus animais - Vamos vascular da periferia ao centro. O ponto zero da aparição será onde as pessoas terão os efeitos mais forte de contato com as sombras. Possivelmente será lá que encontraremos algo de interessante! - e assim partiu para a cidade.

Sem pistas certas, sabia apenas que o "eclipse" guiava a passagem das sombras pela cidade.
Talvez em seu caminho, talvez no mesmo sentido da sobra da Lua sobre o mundo.

Mas precisaria de mapas e de conhecimento próprio para isto.
No mais, restava uma cidade enorme, e nenhuma sombra (perdão do trocadilho) de pista de onde começar a procurar.

* Quando o "Detetive" é bom:

Lucious percorre alguns caminhos mais abrangentes. Apesar da honraria, em tempos de crise nem mesmo seu título lhe garantia acesso à região da Corte.

Então percorre os grandes muros e paredões do anel interno do Castelo, por muitos chamado de "Primeiro Castelo", datado do tempo da fundação da cidade, há mais de mil anos atrás.
Apesar disso, tinha acesso a partes do distrito ao redor a que poucos privilegiados conseguiam se aproximar. E por ser a região mais central da cidade, decide começar por ali suas buscas.

Seu primeiro encontro é om um velho boticário. Já o cruzara antes, perito em medicamentos e ervas incomuns, perfumes e colônias.
Como dizem, "capaz de fazer um zumbi cheirar a rosas!"

Ele estava em sua carroça, e para seu espanto não tinha o olhar perdido que buscava. Mas seu jovem assistente, um rapazote de pouco mais de 10 anos, este sim parecia distante e vago.

As carroças se emparelham, e o velho Petrúcio (adorei o nome por sinal) se apruma no coche. Mas ao reconhecê-lo, muda de atitude, a postura relaxa, mas o sorriso torna-se mais autêntico:
- Ah, mestre Corvinus. Sempre bom ver um rosto conhecido nos dias de hoje. As coisas andam mal para os negócios de um velho boticário, mas bem para a pessoa.

De carroças emparelhadas, ele estende a mão em cumprimento. Estava trêmula, o que não era habitual do velho que, apesar da idade, era bastante vigoroso.

Estavam numa larga avenida entre casarões, bastante diferente do resto da cidade, de ruas mais estreitas e casas mais coladas.

As carroças emparelhadas, os dois passam a andar lado a lado. Velho Petrucio pareceu um pouco tenso ao ver alguém se aproximando, relaxando apenas ao perceber se tratar de Lucious, um conhecido, nobre, apenas mercador. Por esses motivos a dupla identidade. Sorrindo tranquilamente, Lucious retribui o aperto de mão, este normalmente firme, estava trêmulo. Corvinus dedica um pouco de atenção se também estavam frias, úmidas com suor.

Sorrindo responde ao Boticário - Saiba que o convite a se juntar aos Intinerantes ainda é válida. - diz com uma breve reverência - Mas o que eu gostaria eram seus serviços, - começa ele de forma empolgada - tenho essa pessoa, essa mulher - sorri com um toque de malícia - se é que o senhor me entende… que gostaria de presentear…

Ele para de falar e olha para o jovem assistente. Volta o olhar para Petrucio e o indaga - Seu assistente está bem? - olha fingindo surpresa - esse olhar tão distante e vago… nem teve a cortesia de responder meu cumprimento. - termina encerrando o sorriso, mostrando “incômodo”, mas não fecha o semblante.

Ele espera a resposta de Petrucio.

Código:

Dá pra perceber as armadilhas que Lucious plantou, né? XD

O velho boticário, apesar de trêmulo, tinha as mãos secas e em temperatura comum.
Ele responde animado:
- Ah, meu rapaz, não tenho mais idade para caravanas. Meus negócios são dentro da segurança da cidade pela minha segurança. Mas... uma mulher? Ah, senhor Lucious, quando vai se assossegar, meu rapaz?? Hahahahaha!

Ele se empoleira na carroça e diz:
- Não soube do Eclipse?

O jovem atudante arrumava algumas pequenas malas na carroça larga e reforçada. Pareciam malas especiais para frascos. Típicas acomodações para alquimistas e boticários.

Vopcê vê um item em destaque, pouco antes do rapas fechar a mala, seus olhos atentos lêem num grande frasco de bebida, o conteúdo era verde-arroxeado: "Remédio para Licantropia".

O velho diz:
- Ah, meu rapaz, foi horrível. Me senti como num abatedouro. As largas sombras do eclipse pareciam ganhar vida e vagar pela cidade, entrando e saindo das casas. Muita gente perdeu a vida naquela tarde que virou noite, mas o pior...

Ele estremece, talvez pela lembrança, talvez por ter visto mais do que gostaria, talvez mais do que uma pessoa de idade aguentaria.

Ele olha pros dois lados, e pro alto como se quisesse evitar ser ouvido:
- Tentáculos!!

O velho diz:
- Eles desceram da cidade flutuante... Bem, do início. Quando escureceu, as pessoas se encantaram. Afinal, eclipses são raros, mas inofensivos.
Mas este era diferente. Os magos não o anunciaram. Não o esperavam. Ele foi artificial. FEITO por mágicas, e das poderosas. O céu se fez noite, e vários monstros vieram das trevas. As noticias dos desaparecimentos foi abalada. Com a Guerra Goblinoide, as pessoas já não se consideram seguras senão dentro dos portões da cidade. Mas se soubessem que algo, vindo do céu, as raptaria... Bem, seria um pânico. Uma debandada geral para a Capital. Suzail não aguentaria...

Um casal passa, em sua carruagem, e cumprimenta o velho.
Lá estava a postura primosa, com um gesto, Petrucio dispensava seu ajudante com um pequeno embrulho na direção dos nobres.

Quando o rapaz se afasta, ele retoma:
- Muitos desapareceram sem deixar rastros. Mas alguns foram abduzidos... mas conseguiram escapar. Mas não ilesos.

O casal sorri e acena para o velho, que acena de volta quando seu ajudante retorna com um pequeno saco de moedas.

- Ervas para fertilidade. Afinal, um primogenito deve deixar herdeiros neste mundo.

- Ah, meu rapaz um boticário precisa ganhar a vida. Esta gente tem fortunas investidas em iguarias de longe. Um boticário local já não ganha a vida como antes. Em tempos difíceis, as famílias que lutam pelo poder têm que garantir seus números.

Ele acompanha com o olhar o rapaz depositando as moedas numa caixa de madeira atrás do coche, e em seguida pega um pequeno caderninho numa caixa próxima, tomando notas do que pareciam ser valores.

O velho continua:
- Eu estava em uma torre, resolvendo negócios para um velho mago e suas encomendas... peculiares, quando aconteceu. Os alarmes mágicos o avisaram que algo estava errado, e pediu que esperasse em seu gabinete enquanto se encaminhava para o topo da torre. Mas atrevi-me a espiar pela janela. Irwin estava na carroça sendo atacado por criaturas sombrias. Desci em seu auxílio, e quando consegui chegar até ele, estava exausto, o rapaz. Por sorte eu tinha um bastão solar numa das cargas, e a Luz foi suficiente para espantar o Mal. Mas Irwin ficou abalado. Por sorte é um rapaz forte.

A expressão do velho para o aprendiz é de orgulho paternal. Uma preocupação autêntica.

Sem enroscos, o velho indica o nome do arcano, um dos poucos aclamados "Heróis do Reino".
- Seu nome é Imaskar Wands!! Um poderoso e velho mago do Reino. Tem uma companhia que fabrica e vende varinhas. Você não consegue ter com ele sem marcar um horário.

Ele olha de relance pra trás, dizendo:
- Ah meu rapaz, isto AINDA não está disponível pra consumo. Eu comprei de um clérigo anão especialista em caçar e curar estas pragas. Ele desenvolveu o que é considerado o MELHOR medicamento de reversão que já encontrei. E com sua permissão, consegui a fórmula para tentar reproduzir. Mas ele envolve ervas silvestres arriscadas. errar na dose pode torná-lo um veneno letal.

Intrigado, ele diz:
- Mas me fale deste problema da prima da vizinha de sua governanta. Talvez eu tenha algo menos arriscado.

Lucious consegue suas informações, deixando o ocupado Petrúcio para trás, voltando a encaminhar aos limites do círculo abastado.

Os guardas, que já o conheciam de tanto entrar e sair dali (era dos poucos a fazê-lo), apenas o cumprimentam.

O guarda encabulado retribui a saudação, sem lembrar quem o cumprimentava.
Lucious passava entre casarões, palacetes e mansões. Não chegavam perto do círculo da Corte (aquele a que Lucious ainda não tinha acesso), mas eram muitos. E alguns nobres eram donos de mansões em mais de um círculo.

Imaskar era dos privilegiados do segundo caso, por ter uma escola de aprendizes além de uma fábrica de varinhas, era natural que recebesse gente de fora, que de outra forma não teria acesso ao distrito onde agora transitava.

Não demora a aportar a carroça diante de um pequeno estábulo, situado nos fundos (uma entrada secundária, na verdade) de uma torre dupla, que se destacava por serem praticamente iguais. Até mesmo as luzes que escapavam das janelas se pareciam.

Em frente do estábulo, onde caixas e mais caixas saíam para abastecer um enorme carroção de ferro reforçado (visivelmente pesado, uma carroça-cofre bastante cara de se alugar), pucada por cavalos imponentes, 6 deles em cada carroça.
Uma fileira de guardas isolava a rua, e com sua aproximação não foi diferente. 3 deles tomaram a frente, barrando qualquer aproximação.